O
nutricionista Mick Lennon Machado, da Unisul Campus Tubarão, explicou melhor
sobre esse alimento que está dando dor de cabeça para algumas pessoas
Devido
aos padrões de beleza exigir corpos cada vez mais magros e esbeltos, pessoas em
todo o país tem procurado dietas para perder o peso excessivo. Dieta da sopa,
da proteína, dukan, a lista é interminável. Mas até onde as pessoas estão
dispostas a irem para conseguir o corpo que aparece em capa de revista?
A
última moda no mundo das dietas é a exclusão do glúten. O glúten é uma proteína
presente naturalmente em todos os alimentos produzidos a partir de centeio,
cevada e trigo. Até a aveia, sempre considerada amiga do processo digestivo,
costuma se contaminar pelo glúten proveniente do trigo durante seu processo
produtivo.
Devido
a essa demanda, é possível encontrar vários produtos no marcado com letras estampada
em caixa alta “não contém glúten”. Inclusive alguns alimentos que normalmente
já não contém a substância.
O
coordenador de Nutrição da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), Mick
Lennon Machado, considera um ponto essencial. Desde a existência da humanidade,
o glúten tem sido consumido sem problemas. “A verdade é que o excesso de peso e
suas consequências são frutos de todo um desequilíbrio alimentar promovido pelo
processo de industrialização dos alimentos”, conta o professor Mick. Além
disso, tem a dificuldade de consumo em domicílio, do sedentarismo provocado
pelo mundo do trabalho e pela extensiva propaganda incentivando o consumo de
alimentos ricos em calorias, carboidratos, gorduras e sódio.
Levando
todos esses fatores em consideração, o professor conclui que mesmo se o glúten
tivesse algum efeito sobre o peso corporal, somente sua restrição não seria
suficiente para resolver o problema. Apesar de terem relatos de pessoas que
obtiveram sucesso excluindo o alimento da sua dieta, não há consenso científico
sobre o assunto.
“Algumas pessoas são
intolerantes ao glúten, possuindo sintomas intestinais ao seu consumo. Assim, a
restrição de glúten na dieta é orientada apenas para as pessoas que possuem
diagnóstico de intolerância ao glúten”, explica Mick. A doença celíaca, como se
chama a intolerância ao glúten, ocorre quando o consumo do alimento provoca uma
reação imunológica no intestino. A reação causa vômito, inchaço, anemia,
fraqueza, entre outros sintomas.
O
professor lembra que como o corpo humano tem se acostumado ao consumo de glúten
por milhares de anos, sua retirada da dieta será agressiva ao organismo. “Toda
alimentação restritiva gera riscos de deficiências nutricionais. Alguns estudos
têm apontado problemas intestinais, má-absorção de nutrientes e deficiências e
outros sinais e sintomas em pessoas que restringem o glúten da dieta.”, diz
Mick. Além disso, os produtos de panificação sem glúten são pobres em fibras e,
com isso, tendem a gerar problemas intestinais.
Há
um tempo veio a tona uma decisão do Conselho Regional de Nutricionistas (CRN)
que declara que “a recomendação indiscriminada para restrição ao consumo de
glúten não encontra atualmente respaldo da ciência da nutrição e está em
desacordo com o Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar”. No mesmo
documento cita que o descumprimento da decisão pode gerar penalidades aos
profissionais da área de nutrição.
“Todo
o processo de perda de peso é agressivo para o corpo. No entanto, existem
técnicas e protocolos reconhecidos cientificamente que auxiliam neste processo”,
conclui o professor. O último conselho aos que desejam perder alguns quilos é
procurar nutricionistas competentes que se aparam na ciência para a prescrição
das suas condutas.
PERGUNTA:
Você já passou pela situação de um nutricionista pedir que você corte alguma
comida da sua alimentação sem haver alergia ao alimento? Comente aqui embaixo e
nos conte sua experiência.
ATUALIZADO: Nossa enquete foi concluída e os resultados mostraram que 30% dos entrevistados já receberam a orientação de um nutricionista para cortar por inteiro algum grupo de alimento da sua dieta. Vale saber que 90% das respostas foram feitas por mulheres.